Viver em família
Rosangela Cristina da Silva
serintegraltol@brturbo.com.br
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Um dos grandes mistérios da humanidade está justamente em saber viver em família. Nela aprende-se a ser aceito ou não, ser amado ou não, a pertencer ou não a um grupo. Ao nascer, uma pessoa recebe de presente uma família, uma cultura, uma pátria. E sente que precisa honrar e seguir tudo que recebeu de sua família. A forma mais comum de honrá-la é seguir todos os passos que foram ensinados pelos pais, avós, tios. Segui-los de forma inconsciente é o mesmo que repetir todos os erros e todos os acertos sem perceber o que está fazendo. Esta forma revela todo o amor que uma pessoa sente por seus familiares, mas de uma maneira inconsciente.
Para que se possa viver bem em uma família é preciso compreender que existe uma ordem a ser respeitada. E que esta ordem serve para que todos os membros da família sintam-se bem. Uma ordem natural para que todos vivam melhor em suas relações familiares. As pessoas que nasceram primeiro merecem o respeito dos que nasceram depois. O marido precisa aprender a respeitar o lado feminino na mulher e a mulher respeitar o lado masculino no homem. O filho respeitar os avós paternos e maternos, os tios paternos e maternos, os pais e em seguida seus irmãos. Sempre respeitando o lugar de origem de cada pessoa, o irmão mais velho merece o respeito do segundo, o segundo merece o respeito do terceiro e assim por diante. Desta forma todos se sentem bem e respeitados e o seu lugar na família devidamente reconhecido. Se um membro desejar o lugar do outro todo o sistema balança trazendo algumas conseqüências para a família.
Viver em família é um desafio muito profundo. Nela aprende-se que é preciso aceitar para ser aceito. A vida em sociedade começa a ser experimentada na família. Saber respeitar alguém, aprender aceitar o diferente é primeiro e acima de tudo um desafio familiar. Não aceitar um membro com problemas seja ele qual for, gera a dificuldade de aceitar outra pessoa com o mesmo problema fora da família. Não saber respeitar os avós em casa, significa não saber respeitar os idosos na sociedade. Não reconhecer os esforços que os pais prestaram para a sua existência, significa que seu filho não irá reconhecer seus esforços prestados para existência dele. Consequentemente a roda da desunião começa a girar. Exigir a atenção da sociedade para os seus problemas, nada mais é do que a sua necessidade inconsciente de ser olhado por seus familiares. E toda a atenção que você exige do outro não irá preencher seu coração.
Viver em família significa trazer para seu coração aquela pessoa que foi excluída e respeitar o seu lugar na ordem. É viver intensamente em honra daquele que precisou morrer cedo. É aceitar as escolhas que cada um faz para si. E a partir daí ganhar o direito de ser respeitado nas escolhas que fizer, sem medo da dor de ser excluído por apenas ser diferente dos demais. Viver em família é a primeira experiência pessoal de viver em sociedade. Sem duvida é a que marca para sempre o ser, e define muitas vezes os caminhos a serem seguidos. É compreender que determinados comportamentos estão em harmonias com um membro da própria família, dessa forma não tem culpa e nem culpados pelas escolhas consideradas erradas. Isso é apenas amor familiar.
Sabe-se hoje que toda vivência social está passando por situações de ajustes, todas as tragédias vistas na vida, nada mais são do que um retrato fiel da inversão da ordem familiar. No momento que a criança for ensinada a respeitar os pais e se tornar filho, ela aprenderá seu verdadeiro lugar na ordem da sua família. E sua posição na sociedade será de mais respeito ao ser humano. Quando os pais aprenderem a dar limites a seus filhos, saberá o quanto é prazeroso conviver com as crianças de hoje. É muito importante ensinar a ordem natural e correta na sua família. Deixar de criticar toda a educação que recebeu, seja ela como tenha sido é fundamental para uma sociedade saudável e equilibrada. Se as pessoas ocuparem seus devidos lugares na ordem familiar, perceberão que os problemas da ordem social começarão diminuir. Perceberá logo que a ordem respeitada em casa é a mesma desejada nas ruas. Viver melhor é uma questão de ordem natural dentro das famílias.
Amor sob medida e amor sem limites
Effy De Lille
Há algumas semanas, surpreendi-me queixando-me de estar dando o melhor de mim pelos que amo e que, para eles, parecia não ser suficiente. "É possível dar mais quando já se está dando o melhor?", perguntei-me. A resposta não se fez esperar: "para quem ama, não se deve dar o melhor, é preciso dar tudo."
Esta certeza me fez lembrar de uma pequena experiência que fiz com um vídeo musical que chegou às minhas mãos no ano passado. O filme conta a história de um fotógrafo e de uma estilista que se apaixonam profundamente. Um dia, ela perde a visão em um acidente e, ainda que a recupere em um transplante de córneas, não tem mais notícias do seu amado. Passado um tempo, ela encontra um cego sentado em um banco com uma foto como única posse. Quando reconhece a si própria na foto, reconhece também no cego o seu querido artista. Então compreende tudo: ele havia sido o doador.
A experiência foi muito simples: assisti ao filme com diferentes pessoas - desde adolescentes até mães de família - e a pergunta que fiz a eles ao fim da história foi a mesma: "O que você pensa sobre a atitude do fotógrafo?" Recebi diversas respostas, mas a que mais me chamou à atenção foi: "Teria sido melhor se tivesse dado um olho, assim teria ficado com um. Desta forma, ele poderia continuar a ser fotógrafo e ela, estilista. Ambos estariam felizes por enxergar um ao outro".
A minha primeira reação quando ouvi esta opinião de um jovem universitário, foi concordar em parte com ele e fiquei sem saber o que responder. Em pouco tempo, tive a oportunidade de repetir minha experiência, desta vez com uma jovem mãe. Quando comentei sobre a opção de doar apenas um olho (sem dizer que seu filho dera essa reposta), respondeu-me sem pensar: "O fotógrafo não teria demonstrado que amava de verdade a garota se não tivesse dados os seus dois olhos. Porque o amor dá tudo e não reserva nada para si"
Que diferença enorme entre a primeira visão do amor e a segunda! Muitas pessoas pensam, como o jovem, que o amor exige doação, mas com limites, que às vezes resulta em dor, mas não muita, exige renúncias, mas até certo ponto... Podemos chamar a esta visão de "amor sob medida", porque para quem pretende amor deste modo, o ponto de referência sempre será ele próprio: entrega-se enquanto não estiver cansado, suporta tudo somente se depois receber algo em troca, está disponível sempre que não altere os seus planos...
Felizmente, outros tantos como aquela mãe descobriram com a experiência o que é o amor real, o amor que dá tudo. Quem ama de verdade busca desinteressadamente o bem objetivo para os que ama, consciente de que, para conseguir esse bem que o outro necessita, sempre será necessário esquecer de si mesmo, com os pequenos ou grandes sofrimentos que acontecem no dia-a-dia.
Às vezes, será dirigir quando o outro está cansado, aprender a gostar da música que gosta, respeitar o seu silêncio, apressar-se para não se fazer esperar... Quando amamos alguém de verdade não amamos apenas o que há de melhor na pessoa, mas sim como ela é. Já que, da mesma forma, aqueles a quem amamos não esperam somente o melhor de nós, mas esperam tudo de nós.
Em um mundo em que tudo é quantificável e limitado, que liberdade saber que o amor não tem limite, pois a medida do amor é amar sem medida! Não faz falta buscar momentos extraordinários na vida para dar-se inteiramente, como no caso dos apaixonados do vídeo. Não temos que esperar o fim de semana, por exemplo, para oferecer aos que amamos o melhor de nós mesmos. Ao contrário: a vida está repleta de muitos detalhes e cada um pode ser um gesto de amor.
Ao fim, um dia poderá ser um ato de entrega de tudo o que somos se a cada momento buscamos fazer felizes a quem amamos.
fonte: http://www.mujernueva.org/
FAMÍLIA
A família é um núcleo de convivência, unido por laços afetivos, que costuma compartilhar o mesmo teto. É a definição que conhecemos. Entretanto, esta convivência pode ser feliz ou insuportável, pois seus laços afetivos podem experimentar o encanto do amor e a tristeza do ódio. E a morada sobre o mesmo teto? Dependendo dessas fases contrastantes, ela pode ser um centro de referência, onde se busca e se vivencia o amor, ou... um mero alojamento.
A família não é algo que nos é dado de uma vez por todas, mas nos é dada como uma semente que necessita de cuidados constantes para crescer e desenvolver-se. Quando casamos, sabemos que, entre outras coisas, temos essa semente que pode germinar e um dia dar fruto: ser uma família de verdade. Devemos, portanto, estar conscientes de que é preciso trabalhá-la e cultivá-la sempre, constantemente, e com muito amor.