No início do século 20 Guarujá era muito diferente. Tinha casas de madeira, linha férrea, um cassino e um hotel que abrigou pessoas ilustres. Uma delas foi Santos Dumont, protagonista de uma tragédia no local que se tornou fantasmagórico
Por Gabriella Leutz
O que era o antigo Hotel La Plage é hoje o maior shopping da cidade. Leva também o mesmo nome: La Plage. Com mais de 60 lojas o shopping tem nas temporadas o seu ápice de visitação. No Natal e no Ano-Novo chega a ser praticamente impossível transitar ali.
Retornando agora ao passado sombrio e misterioso do La Plage, no ano de 1932, Alberto Santos Dumont tirou a própria vida em um de seus antigos quartos. O motivo teria sido uma depressão profunda, causada pela constatação de que o maior de seus inventos, o avião, estava sendo usado para fins militares. Há testemunhas que juram ter visto Dumont presenciar um bombardeio na ainda existente Ilha da Moela, que fica em frente ao hotel, hoje o shopping. Isso teria ocorrido pouco antes do inventor voltar a seu quarto e lá se enforcar, não se sabe ao certo, com a própria gravata ou com o cinto do roupão de banho.
O professor de História Pedro Luiz de Souza conta que isso realmente aconteceu: “Santos Dumont realmente esteve no hotel e ser enforcou, mas não podemos afirmar exatamente o motivo de seu suicídio. Ele teria se matado pelo motivo de seu invento ter sido usado de maneira contraria ao que ele esperava ou ainda por alguma desilusão amorosa. Mas nada se sabe ao certo”.
Uma das lendas urbanas de Guarujá é que havia um manicômio, no mesmo local que depois se tornou o hotel onde Santos Dumont se suicidou e hoje se situa o shopping. Segundo a lenda, pessoas eram torturadas ali até a morte, inclusive em rituais satânicos, o que reserva algumas histórias horripilantes envolvendo o local. A vendedora Carla Almeida trabalha em uma das lojas do La Plage. Ela conta que quando era criança essa era a lenda mais contada entre os amigos. “Nos reuníamos na hora do recreio apenas para ficarmos contanto historias de terror e essa dos rituais satânicos não podia faltar”.
Como se já não bastasse essa história, existe outra ainda mais sinistra. Um homem, por volta dos seus 38 anos, havia sido internado no manicômio e fora morto em um desses rituais satânicos. Parece que o feito diabólico não dera tão certo assim. Exatamente igual aos filmes de terror, em que pessoas são mortas de maneiras aterrorizantes e seus espíritos vagam em busca de vingança, a alma desse homem também vaga, segundo populares, pelos corredores do shopping.
O engenheiro Caio de Souza diz: “Existe uma espécie de marca em uma parte do canteiro do shopping que fica em frente à praia. Parece uma marca de que alguém ficou por algum tempo sentado ali. Dizem que essa marca é do tal homem, que passa horas do dia a observar quem entra e quem sai do shopping. Se você parar e prestar atenção, daquele ponto você consegue ter um amplo campo de visão da entrada do shopping, o que assusta mais ainda. Prefiro não duvidar de nada”.
A lenda também conta que, como prova da existência desses rituais misteriosos e sombrios existe pelo shopping muitas fotos, de supostamente santos, em locais estratégicos, pois isso fazia parte do ritual. Algumas das fotos não da para serem identificadas direito, pois não se sabe se o tempo as desgastou ou se isso quer dizer alguma coisa referente à lenda.
Existe gente cética como Marli do Carmo. Ela conta que seus filhos sempre comentavam essa história envolvendo o La Plage. “Mas não acredito em fantasmas, monstros ou seja lá o que for. Sou completamente cética nesse sentido. Acredito em Deus e só Ele, para mim, é verdade. E não histórias de fantasmas ou espíritos”.
O suicídio de Santos Dumont de fato ocorreu. O que intriga de verdade é que isso é uma lenda e não uma verdade comprovada. É muito mais humano e interessante que a própria pessoa coloque a imaginação para funcionar do que saber o que de fato ocorreu. Assim nascem as lendas”.
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