Bullying: é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.
Quem nunca presenciou alguém humilhando, constrangendo, ridicularizando alguém em público? O que para muitos é brincadeira ingênua que seduz a turma fazendo brotar gargalhadas, para a vítima do bullying é um terrível pesadelo, que não raro o faz se isolar, sentindo-se a pior das criaturas.
No Rio de Janeiro, em pesquisa com 5.482 alunos de escola pública de 5º a 8º série, foi constatado que mais de 40% admitiram ter sofrido ou praticado bullying. Dados entristecedores, não é mesmo, caro leitor? Cabe-nos então tentar descobrir a razão de tanto prazer em ridicularizar alguém? Por que isso ocorre?
Os fatores são inúmeros e vão desde conquistar o respeito da turma para poder ser admitido naquela “roda de amigos”, esconder o próprio medo provocando o medo nos outros, a se julgar inferiorizado e empreender frenética competição onde a violência física e moral irá lhe trazer a auto afirmação. Vou além e digo que a prática de bullying não se restringe apenas à escola e as crianças e adolescentes. Nossa sociedade pratica o bullying a todos os momentos, rotulando pessoas, alimentando mesmo que veladamente o preconceito, criando padrões de beleza. Óbvio que há regras que devem ser respeitadas para o bem do convívio social, no entanto, não me refiro a elas, mas sim a maneira que muita gente se impõe para tentar ganhar o respeito do grupo social que faz parte. Se o homem é um pouco mais delicado logo o rotulam de homossexual, se não atende aos imperativos impostos pela sociedade é um fracassado, se não gosta de carro ou roupas de marca, um alienígena.
As piadas nesse particular merecem capítulo a parte, a pretexto de brincadeira e diversão o preconceito vai sendo popularizado e se entranhando no cotidiano das pessoas. Não raro fazem sucesso, divertindo uns a custa de outros, fazendo sofrer nessa malha negros, pobres, loiras, ricos, portugueses, mulheres, homossexuais... e vamos assim, sorrindo e ridicularizando ao mesmo tempo.
Outro ponto a se abordar é: os comentários maldosos que são lançados sem piedade acrescidos de gargalhadas por parte da platéia, que muitas vezes assiste omissa ao espetáculo da depreciação do ser humano.
Em uma sociedade ideal, a pratica do bullying não pode existir, e os responsáveis por extinguir essa moléstia que causa dor, sofrimento, danos psicológicos e infinitos males a um sem número de pessoas, devem ser os pais; porque será observando, repreendendo e orientando o comportamento de seus filhos que irão educá-los a viver em um mundo onde o respeito reina soberano. Achar bonito e engraçado criança contando piadas que desmerecem determinadas pessoas, religiões, grupos sociais, é alimentar a popularização do bullying, por isso, necessário atenção total para o comportamento do filho.
Crianças que aprendem no seio familiar valores como respeito ao próximo certamente serão adultos conscientes, e que saberão acima de tudo respeitar as diferenças, e respeitando as diferenças não haverão constrangimentos, humilhações, ridicularizações que impedem a felicidade muita gente.
Pensemos nisso.
Wellington Balbo
Publicado no Recanto das Letras em 09/05/2007
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