MÚSICAS INESQUECÍVEIS

quarta-feira, 11 de maio de 2011

NEGRINHO DO PASTOREIO

NEGRINHO DO PASTOREIO

Na tradição gaúcha, uma espécie de anjo bom, ao qual se recorre para achar objetos perdidos ou conseguir graças. É o negrinho escravo que o dono da estância pune injustamente, açoitando-o e depois amarrando-o sobre um formigueiro.

Mas seu corpo aparece intacto no dia seguinte, como se não tivesse sofrido nenhuma picada , e sua alma passa a vaguear pelos pampas.

Era um negrinho assinzinho, humilde e raquítico, escravo de um estancieiro rico e muito avaro. Este e seu filho eram perversos e maltratavam o menino desde o levantar até noite dentro, às vezes, sem dar-lhe trégua.

Certa vez fôra encarregado de pastorear trinta fogosos tordilhos durante trinta dias, sem descanso.

Cansado; sem mais poder dar um passo, recostou-se. Mal adormecera, ladrões dispersaram a cavalhada e tocaram-na para outras bandas. E o negrinho perdeu o pastoreio.

Chegando em casa quase morto de fome e de fadiga, ao anunciar tal insucesso, fôra barbaramente espancado e pisado pelo senhor, que o mandou de volta para campear o rebanho perdido.

Corre aqui, corre acolá, depois de algumas jornadas encontrou ele os tordilhos. Entregou-os ao velho estancieiro, pensando que desta vez seria recompensado. Mas, qual não foi a sua surpresa: o malvado do filho do senhor espantou de novo o rebanho só para vê-lo penar.
Furioso como uma fera, o estancieiro surrou-o, surrou de relho a mais não poder. Vendo que o pretinho desfalecera esvaindo-se numa poça de sangue, mesmo assim não se conteve; carregou-o e enterrou-o num formigueiro.

Passaram-se três dias e três noites. Na manhã do quarto dia, o algoz foi ver a cova em que jazia o pobre negrinho, e qual não foi o seu espanto? Ali estava o menino de pé, sereno, a olhar com uma fisionomia sobrehumana, no meio da tropa dos tordilhos negros. E o cruel senhor quase não acreditando no que via, meio amedrontado, meio arrependido, caiu de joelhos pedindo perdão ao seu humilde escravo.

Dizem, aqueles que habitam os velhos rincões do Rio Grande do Sul, que o negrinho do pastoreio anda errante pelos campos, qual gênio benfazejo, ajudando a todos quantos perdem a sua rês. Ê só acender-lhe uma vela e pronto.

Muitos dizem que nas noites escuras de inverno, no meio do sibilar do vento, ouvem às vezes, a sua voz pastoreando.

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