MÚSICAS INESQUECÍVEIS

domingo, 9 de agosto de 2015

CASO ANA LÍDIA 42 ANOS DE MISTÉRIO.

Em 11 de setembro de 1973, a morte brutal de uma menina de 7 anos abalou para sempre o clima de tranquilidade que pairava sobre Brasília. Apesar da grande repercussão, ninguém foi punido pelo hediondo assassinato.


Às 13h50 de uma terça-feira típica da seca que castiga Brasília, começou a ser escrita uma história de terror que comoveu, revoltou e, até hoje, mexe com os moradores da capital: o brutal assassinato de Ana Lídia Braga, 7 anos, que completa hoje 40 anos. Em quatro décadas, foram muitas perguntas, muitas investigações, muitos julgamentos e nenhuma condenação. Deixada pelos pais na escola Madre Carmen Salles, na 604 Norte, a menina não chegou a entrar no colégio. Foi abordada por um homem alto, loiro, de cabelos compridos, que vestia blusa branca e calça verde-oliva. Na companhia dele, deixou o pátio da escola pela última vez.

Alto, loiro, cabelos compridos: irmão da vítima se encaixava na descrição do sequestrador

Vinte e duas horas depois de começado o pesadelo, o corpo da menina foi encontrado em um matagal próximo à Universidade de Brasília. Nua, com os cabelos louros cortados de forma irregular, bem rente ao couro cabeludo, e violentada, Ana Lídia teve a vida interrompida e atirada em um cova rasa no cerrado. “A polícia só descansará quando o responsável pela morte da menor for localizado e preso”, disse o então secretário de Segurança Pública do DF, coronel Aimé Laimaison em 12 de setembro de 1973. O que poderia ser o ponto final de um trágico episódio tornou-se, na verdade, o início de um caso que, até hoje, segue sem solução.


Nos anos 1970, Brasília ainda mantinha ares de cidade pequena. O Plano Piloto já era reduto da classe média e abrigava essencialmente servidores públicos. É nesse contexto, quase bucólico, em que a família Braga estava inserida. Eloyza Rossi Braga e Álvaro Braga eram funcionários do Departamento de Serviço de Pessoal (Dasp).Viviam no Bloco 40 (hoje Bloco B) da 405 Norte e, além da pequena Ana Lídia, eram pais de Álvaro Henrique Braga, à época com 18 anos, e Cristina Elizabeth Braga, então com 20. A filha temporã era o xodó de todos. Muito protegida, não brincava nos pilotis, não tinha amiguinhos nem saía de casa desacompanhada.


Aos 7 anos, Ana Lídia cursava, pela manhã, a 1ª série do ensino fundamental na escola religiosa que ficava próximo de casa. No turno vespertino, também no Carmen Salles, tinha aulas de reforço — às terças e sextas-feiras — e de piano — às segundas, quartas e quintas-feiras. Como sempre trabalhou, Eloyza contava com o auxílio de uma empregada. Rosa da Conceição Santana estava com a família havia 20 anos. Naquele 11 de setembro, antes de seguirem para o trabalho, os pais levaram a menina para a escola. Por volta das 16h30, como de costume, Rosa foi buscá-la a pé. Ao procurar a menina, recebeu a notícia de que ela não havia comparecido ao colégio naquela tarde. Preocupada, Irmã Celina, diretora da instituição, ligou para a mãe da aluna a fim de certificar-se de que ela fora deixada no colégio. Com a confirmação de Eloyza, o mundo da família Braga começou a desmoronar.

Às 12h do dia seguinte, agentes da Polícia Civil acharam o corpo de Ana Lídia em um terreno da UnB. Próximo ao local em que ela foi enterrada, havia duas camisinhas. O laudo do Instituto de Medicina de Legal atestou que a morte se deu por asfixia, provavelmente provocada por sufocação, entre às 4h e às 6h do dia 12 de setembro. Havia ainda manchas roxas e escoriações em várias partes do corpo. O exame revelou ainda um dos detalhes mais sinistros do crime: depois de morta, a criança foi estuprada.

SUSPEITOS
Os suspeitos do crime foram o seu próprio irmão Álvaro Henrique Braga (que, juntamente com a namorada, Gilma Varela de Albuquerque, teria vendido a menina para traficantes) e alguns filhos de políticos e importantes membros da sociedade brasiliense. Mas os culpados nunca foram apontados e o caso Ana Lídia se tornou mais um símbolo da impunidade em Brasília.
As investigações apontaram que Ana Lídia foi levada ao sítio do então Vice-Líder da Arena no Senado, Eurico Resende, situado em Sobradinho, no Distrito Federal. Testemunhas disseram que à noite, Álvaro e a namorada saíram e deixaram a menina com Alfredo Buzaid JúniorEduardo Ribeiro Resende (filho do senador, dono do sítio) e Raimundo Lacerda Duque, conhecido traficante de drogas de Brasília. Quando voltaram ao sítio, encontraram Ana Lídia morta. Como o principal suspeito era o filho do então Ministro da Justiça Alfredo Buzaid uma grande polêmica se formou em torno do caso.
Em um momento da história nacional em que a ditadura militar controlava as investigações que lhe diziam respeito, como era de se esperar, não houve muito rigor nas investigações. Digitais não foram procuradas no corpo da menina, as marcas de pneus foram esquecidas e sequer se efetuou análises comparativas do esperma encontrado nas camisinhas com o dos suspeitos. E o que era mais estranho: houve uma grande passividade por parte dos próprios familiares de Ana Lídia.
Depois que se passaram treze anos da execução do crime o processo foi reaberto porque surgiram novidades sobre o assassinato. A repórter Mônica Teixeira, da Vídeo Abril, garantiu ter testemunhas que poderiam provar que o autor do crime era mesmo o filho do ex-Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, e que, apesar de a imprensa ter noticiado que ele havia morrido em um acidente, dois anos depois do crime, Mônica garantiu que ele ainda estava bem vivo no ano de 1985. Mais uma vez fatos estranhos aconteceram: algumas das testemunhas simplesmente morreram após serem intimadas para depor e não foi imediatamente permitida a exumação do corpo, sendo o processo novamente fechado por suposta falta de provas.
Em 1986, após um ano do pedido inicial, a exumação do corpo de Alfredo Buzaid Júnior foi autorizada. Porém, por engano ou descuido da polícia, o corpo exumado foi o de Felício Buzaid, avô do acusado, falecido em 1966. Após uma segunda tentativa, um segundo cadáver, supostamente de Alfredo Buzaid Júnior, foi entregue ao IML. Por algum motivo não explicado, os dentes do cadáver estavam removidos, impossibilitando o reconhecimento por arcada dentária (não existia o procedimento de testes de DNA na época). Mesmo assim, em julho de 1986, o legista José Antônio Mello declarou que o corpo enterrado era realmente de Alfredo Buzaid Júnior.
Até hoje não houve um desfecho para o caso e ninguém foi punido pelos crimes cometidos. Em homenagem à menina, uma região do chamado Parque da Cidade, próximo à entrada do Setor Hoteleiro Sul, em que estão instalados diversos brinquedos para crianças, passou a ser denominado Parque Ana Lídia. Pela circunstâncias de seu martírio, seu túmulo é um dos mais visitados no cemitério da cidade, sendo cultuada por devotos que acreditam em milagres feitos pela menina, agora considerada uma santa.


fonte.:  http://www.correiobraziliense.com.br/
http://perseguicaoarquivistica.blogspot.com.br
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