MÚSICAS INESQUECÍVEIS

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

INFÂNCIA PERDIDA

Trata-se de uma das piores e mais nefastas formas de exploração do trabalho humano. De um lado, há o óbvio sofrimento pessoal que resulta da imposição de tarefas para corpos e mentes ainda não preparados para isso. A psique em formação da criança não suporta as responsabilidades da rotina inflexível do trabalho. De outro lado, há o patente prejuízo resultante da cessação de sua formação. As crianças utilizadas no trabalho não estudam ou estudam sem aproveitamento e, assim, não conseguem romper o círculo vicioso da miséria.

São crianças pobres que não vão à escola porque trabalham e, por isso, tornam-se adultos pobres porque desprovidos de qualificação profissional, tragicamente num mundo cada vez mais competitivo. Essas crianças gerarão outras crianças pobres, que também deixarão de ir à escola para trabalhar. E, assim, repete-se o eterno ciclo da pobreza. Some-se a isso a circunstância de que os reflexos das crianças, ainda inconsistentes, expõem-nas a riscos muito maiores de acidentes de trabalho.

Entre tantas outras dificuldades naturais para uma criança que começa a descobrir o mundo que a cerca, surge a luta do trabalho infantil, quase sempre com condições desumanas, as crianças são submetidas a trabalhos que até mesmo para adultos, já são considerados pesados. Muitos até envolvem situações de risco para a vida e a saúde das crianças. As crianças, de forma geral, deveriam estar na escola e não no trabalho. Deveriam também, brincar, e não ter as preocupações e responsabilidades de um adulto.

“A infância tem direito a cuidados e assistência especiais”. É isto que defende o preâmbulo da Convenção sobre os Direitos da Criança e é este ponto que está longe de se tornar uma realidade.


De acordo com um relatório publicado pela UNICEF, estima-se que em todo o mundo, cerca de 247 milhões de crianças sejam privadas de uma infância de liberdade, de inocência e de brincadeiras, sendo obrigadas a trabalhar. Estas crianças têm a sua infância perdida. Cerca de 73% (180 milhões) destas  estão envolvidas nas piores e mais perigosas formas de trabalho, nas minas e com maquinaria. Dentre estas cerca de 6 milhões são escravizadas, e 2 milhões são forçadas a prostituírem-se.

Estamos aqui a falar de crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 17 anos que, além de serem privadas do acesso à educação, são também vítimas de maus-tratos físicos e psicológicos e de abusos por parte dos seus supervisores. 

 É verdade que em alguns casos são os menores que optam por trabalhar por não quererem continuar os seus estudos ou para ajudarem a economia das suas famílias, contudo, são muitas mais as crianças que são obrigadas a trabalhar. Cabe, por isso, aos governos dos vários países agilizar os meios que serão necessários para colocar um travão neste flagelo mundial. Nesta tarefa terão um papel igualmente preponderante os pais, os lideres comunitários, os setores privados, a sociedade em geral. Tudo isto para que as crianças tenham o direito de serem crianças.

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