MÚSICAS INESQUECÍVEIS

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

EUTANÁSIA

Eutanásia é o “ato de proporcionar morte sem sofrimento a um doente atingido por afecção incurável que produz dores intoleráveis”. Daí, já se pode diferenciar a prática da distanásia, expressão relativa a uma morte lenta e sofrida, e da ortotanásia, vocábulo que representa a morte natural. A eutanásia suscita polêmica pelas mesmas razões que fazem do aborto um motor de calorosos debates: porque perpassa a bioética, e também a moral de cada um. Não há consenso a respeito da validade da prática nem mesmo entre os médicos, porque não há acordo a respeito do que sentem e pensam doentes em coma ou em estado vegetativo.
Existem pelo menos quatro tipos de eutanásia, divididos em duas categorias: a voluntária e a involuntária, e a passiva e a ativa. Na eutanásia ativa, também chamada de positiva ou direta, o paciente recebe uma injeção ou uma dose letal de medicamentos. Conhecida ainda como negativa ou indireta, a eutanásia passiva consiste em suspender a alimentação. Aqui, o que conta é a omissão: o paciente deixa de receber algo de que precisa para sobreviver. A diferença entre eutanásia voluntária e involuntária está na participação do paciente. Numa, ele coopera, tomando parte da decisão. Na outra, a ação é praticada sem o seu aval ou mesmo sem o seu conhecimento. Uma outra classificação, que cruza fins e voluntariedade, divide a eutanásia em libertadora (aquela que abrevia a dor de um doente incurável), piedosa (aplicada a pacientes terminais e em estado inconsciente) e eugênica (do tipo que os nazistas praticavam para eliminar indivíduos apsíquicos e associais).


Na Europa, continente que mais avançou na discussão, a eutanásia é hoje considerada prática legal na Holanda e na Bélgica. Em Luxemburgo, está em vias de legalização. Holanda e Bélgica agiram em cadeia: a primeira legalizou a eutanásia em abril de 2002 e a segunda, em setembro do mesmo ano. Na Suécia, é autorizada a assistência médica ao suicídio. Na Suíça, país que tolera a eutanásia, um médico pode administrar uma dose letal de um medicamento a um doente terminal que queira morrer, mas é o próprio paciente quem deve tomá-la. Já na Alemanha e na Áustria, a eutanásia passiva (o ato de desligar os aparelhos que mantêm alguém vivo, por exemplo) não é ilegal, contanto que tenha o consentimento do paciente. A Europa é o continente mais posicionado em relação à eutanásia, mas é provável que o Uruguai tenha sido o primeiro país a legislar sobre o assunto. O Código Penal uruguaio, que remete à década de 1930, livra de penalização todo aquele que praticar “homicídio piedoso”, desde que conte com “antecedentes honráveis” e que pratique a ação por piedade e mediante “reiteradas súplicas” da vítima.
Matar por misericórdia” é um ato de eutanásia direta, cometido em geral, com o propósito alegado de acabar com o sofrimento de uma pessoa improdutiva ou doente terminal. Na realidade, as pessoas saudáveis cometem “assassinatos por misericórdia” a fim de aliviarem a si mesmas da inconveniência e gastos de cuidar daqueles que se tornaram (ou tornarão) um peso emocional ou financeiro para elas.


Nesses últimos 20 anos, a sociedade definiu duas classes de seres humanos nascidos que não estão sofrendo, embora sejam candidatos à “morte por misericórdia”: recém-nascidos, com deficiência, que sob outros aspectos poderiam viver uma longa vida, e pessoas num estado de coma prolongada. Atualmente os grupos pró-eutanásia estão estendendo esse “privilégio” letal aos pacientes terminais e internos em asilos, independente do seu estado emocional ou nível de dor.

Um comentário:

  1. Um dos temas/coisas mais POLÊMICAS existentes...
    Se há o direito de escolher/decidir se pessoas (ou ANIMAIS mesmo!) têm ou não o direito de continuar vivendo ou não.
    E entende-se o sofrimento destas (principalmente de quem CUIDA DESTAS)...
    Imagino que se o enfermo PEDISSE/AUTORIZASSE tal procedimento, tudo bem: agora se tal deseja continuar vivendo e a familia/entes decidem por tal coisa_complicada a situação!
    Casos que acho que tal deveria (ou poderia) ser aplicado seria em pessoas VEGETATIVAS (tipo RETARDOS/ONDE TAIS NEM SABEM QUEM SÃO/SÓ O CORPO FUNCIONA)...
    Vi um caso de uma pessoa assim numa das minhas viagens aos EUA; estava em um dos parques de lá - e havia uma criança numa cadeira de rodas... E parece que tinha OS OLHOS REVIRADOS PARA TRÁS COMO SE NÃO PENSASSE/RACIOCINASSE! Realmente deve ser um incômodo/perturbação para quem a cria/toma conta.
    Será que uma pessoa assim passar por tal procedimento... Os ORGÃOS poderiam ser aproveitados (tipo DOAÇÃO)?
    Considero a EUTANÁRIA similar à PENA DE MORTE (bom, esta última aí está relacionada com coisas ruins: crimes/punição).
    E temas polêmicos dificilmente chegarão a um acordo/conclusão (aborto/coisas relacionadas ao SEXO/pena de morte/direito dos bichos/uso de células tronco/drogas/e não podendo esquecer a EUTANÁSIA).

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