Inaugurada em 1956 pelo então governador Jânio Quadros, a Casa de Detenção de São Paulo foi projetada para abrigar 3,25 mil presos. Depois disso, sofreu reformas e sua capacidade máxima passou a ser 6,3 mil detentos. Desde 1975, ela deixou de cumprir o seu objetivo inicial, que era apenas de abrigar as pessoas à espera de julgamento. A população da Casa de Detenção chegou perto de 7 mil, mas teve picos de superlotação de 8 mil presos. Ao longo de seus 46 anos, o presídio se tornou o maior da América Latina.
No dia 2 de outubro de 1992, o pavilhão 9 da Casa de Detenção Carandiru foi o cenário de um dos episódios mais sangrentos da história penitenciária mundial. Eram 2.069 internos no Pavilhão 9 de Carandirú no dia da rebelião.Segundo entidades de direitos humanos, apenas 15 guardas penitenciários faziam a vigilância do local. O caso ainda é alvo de controvérsia. De um lado, a polícia diz que agiu no estrito cumprimento do dever. Do outro, grupos de direitos humanos acreditam que houve intenção de exterminar os presos e reclamam que ninguém foi punido.
A rebelião teve início com uma briga de presos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção. A intervenção da Polícia Militar, liderada pelo coronel Ubiratan Guimarães, tinha como justificativa acalmar a rebelião, mas acabou por realizar uma verdadeira chacina no local. Sobreviventes afirmam que o número de mortos é superior ao divulgado e que a Polícia estava atirando em detentos que já haviam se rendido ou que estavam se escondendo em suas celas, alguns presos se misturaram aos cadáveres para fingir que estavam mortos e tentar sobreviver. As lembranças ficaram nas paredes das celas, na memória dos sobreviventes e dos familiares dos mortos. Nenhum dos sessenta e oito policiais envolvidos no massacre foram mortos.
A chacina teve repercussão internacional por causa da violência, pela quantidade de mortos e pela forma de atuação da polícia.
O coronel da reserva Ubiratan Guimarães, que comandou a invasão da Polícia Militar na Casa de Detenção, foi condenado, em junho de 2001, a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos mortos e cinco tentativas de homicídio. No ano seguinte, ele foi eleito deputado estadual por São Paulo, após a sentença condenatória, durante o trâmite do recurso da sentença de 2001. Por este motivo, o julgamento do recurso foi realizado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, ou seja, pelos 25 desembargadores mais antigos do estado de São Paulo, em 15 de fevereiro de 2006. O Órgão reconheceu, por vinte votos a dois, que a sentença condenatória, proferida em julgamento pelo Tribunal do Júri, continha um equívoco. Essa revisão acabou absolvendo o réu. A absolvição do réu causou indignação em vários grupos de direitos humanos, que acusaram o fato de ser um "passo para trás" da justiça brasileira.
O episódio que ficou conhecido como Massacre do Carandiru completou dezoito anos . No dia 9 de dezembro de 2002, três pavilhões foram implodidos, no ano de 2005, 200 quilos de explosivos colocaram abaixo mais dois pavilhões , o 2 e o 5. Dois foram preservados para manter a memória dos 46 anos de história do presídio. Um parque público, com centros de cultura, lazer e de formação profissional, ocupou o espaço da antiga penitenciária.
Desativação
Mais do que a aquisição de uma nova área de esporte e lazer, a instalação de um parque na área ocupada durante 46 anos pela Casa de Detenção do Complexo Penitenciário do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, significou alívio para moradores da região.
Em 2002, iniciou-se o processo de desativação do Carandiru, com a transferência de presos para outras unidades. Hoje o presídio já se encontra totalmente desativado .
O governo do estado de São Paulo construiu um grande parque no local, o Parque da Juventude, além de instituições educacionais e de cultura. Um de seus pavilhões foi reaproveitado para ser instalado no edifício a Escola Técnica Estadual do Parque da Juventude, popularmente chamada de Etec Parque da Juventude.
BALANÇO DA TRAGÉDIA:
• 111 presos mortos (é o número oficial, apesar de ex-detentos insistirem em mais de 200).
• 103 vítimas de disparos.
• 8 vítimas de objetos cortantes.
• 0 policial morto.
• 130 detentos feridos.
• 23 policiais feridos.
• 515 tiros disparados.
• 120 policiais indiciados.
• 86 policiais julgados.
O FIM DO CORONEL:
Por volta das 22h30min de 10 de setembro de 2006, um dos assessores de Ubiratan o encontrou morto, com um tiro, em seu apartamento nos Jardins, em São Paulo. Aparentemente não havia sinais de luta corporal no local, e a porta dos fundos estava apenas encostada.
O corpo do coronel estava deitado de barriga para cima, coberto apenas por uma toalha. O tiro acertou a parte debaixo do mamilo direito e saiu pelas costas.
A polícia começou a investigar a morte do coronel e passou a suspeitar da namorada dele, a advogada Carla Cepollina. Carla chegou a ser acusada pelo assassinato do coronel, mas a Justiça decidiu arquivar o caso antes de chegar a julgamento. Para o juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, não havia provas suficientes para que Carla fosse acusada. Até hoje, ninguém foi preso pela morte de Ubiratan Guimarães.
No muro do prédio onde morava foi pichado "aqui se faz, aqui se paga", com referência ao Massacre do Carandiru que o Coronel foi o comandante da operação.
Fonte:Wikipedia
super.abril.com.br/.../conteudo_397676.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário